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buscamos nitidez nos nossos projectos pastorais (fotografia: Ricardo Correia - Reservados todos os direitos e mais alguns)

sábado, 6 de novembro de 2010

MITP - Análise de Documentos: método de recolha e análise de dados

Aa.Vv.: Sílvia dos Santos Calado e Sílvia Cristina dos Reis Ferreira (Mestrado em Educação – Didáctica das ciências) resumo:

Introdução

Existem três grandes grupos de métodos de recolha de dados: a observação; o inquérito oral (entrevista) ou escrito (questionário) e a análise de documentos. Estes três métodos podem ser utilizados em conjunto permitindo recorrer assim a várias perspectivas sobre a mesma situação, obtendo informações diferentes que podem ser comparadas e trianguladas.
Concretamente, a análise de documentos pode ser usada em duas perspectivas: pode servir para completar a informação obtida pelos outros métodos ou pode ser o método de pesquisa central ou mesmo exclusivo.
Para abordar a análise documental é necessário clarificar alguns conceitos: dado – um dado suporta uma informação sobre uma realidade; documento – é uma impressão deixada num objecto físico por um ser humano; análise – consiste na detecção de unidades de significado num texto e no estudo das relações entre elas e em relação ao todo. Neste sentido, os documentos são fontes de dados brutos; Para o investigador e a sua análise implicam um conjunto de transformações, operações e verificações realizadas a partir dos mesmos com a finalidade de lhes ser atribuído um significado relevante em relação a um problema de investigação.  

Recolha de documentos

1 – Localização dos documentos
A localização dos documentos é muito variada e geralmente é a própria natureza do estudo que orienta o investigador para as variadas e determinadas fontes. É necessário conhecer o tipo de registos e informações que existe numa determinada organização ou instituição.

2 – Natureza dos dados documentais
Existem fontes primárias cuja produção de documentos foi efectuada durante o período a ser investigado. Existem, depois, as fontes deliberadas produzidas com o intuito de servir a futuras investigações. Dentro das primárias podem ainda ser inadvertidas que são as mais comuns e valiosas e resultam do normal funcionamento do sistema em estudo e são usadas pelo investigador em sentido diferente daquilo para que foram criadas. Já as fontes secundárias são interpretações de eventos do período de estudo, baseadas nas fontes primárias.

3 – Selecção de documentos
Esta é muito influenciada por um factor de investigação muito importante, o tempo disponível. Por norma, a quantidade de material é sempre excessiva e é necessária uma estratégia de selecção onde não devem ser incluídas demasiadas fontes deliberadas; não incluir demasiados documentos que apontem o ponto de vista do investigador; tentar ao máximo cumprir os prazos planeados. Ao mesmo tempo pode ser muito prático recolher ao mesmo tempo os documentos e, simultaneamente, ir fazendo uma pré-análise, uma vez que pode ajudar muito na escolha dos documentos e selecções.

4 – Análise crítica dos documentos
A análise crítica dos documentos é fundamental no sentido de ser necessário controlar a credibilidade e o valor dos documentos e informações a recolher e dos já recolhidos, bem como a adequação destes às finalidades do projecto. Para isso deve ser feita uma avaliação da autenticidade das fontes e outra avaliação à exactidão ou valor dos dados.

Análise de conteúdo

A análise de conteúdo pode considerar-se como um conjunto de procedimentos que têm como objectivo a produção de um texto analítico no qual se apresenta o corpo textual dos documentos recolhidos de um modo transformado.

1 – Redução dos dados
Do conjunto amplo e complexo dos dados pretende chegar-se a elementos manipuláveis que permitam estabelecer relações e chegar a conclusões. Em primeiro lugar é necessário que o investigador efectue a separação em unidades relevantes e significativas e daí considerar as unidades em função do tema em investigação. As unidades devem, então, ser classificadas segundo determinada categoria de conteúdo. Estas categorias podem definir-se a priori (de acordo com as hipóteses que orientam a investigação) ou a posteriori (a partir dos próprios dados obtidos faz-se uma investigação de teor interpretativo). Depois de feita a categorização segue-se o processo de codificação, processo físico mediante o qual se realiza a categorização. Trata-se de uma operação na qual se coloca em cada unidade estabelecida um determinado código próprio da categoria em que o investigador a considera incluída.

2 – Apresentação dos dados
Os processos de redução dos dados simplificam a informação e, assim, facilitam a obtenção das conclusões. A quantificação dos dados pode fazer-se em forma de uma matriz numérica onde os valores de cada célula correspondem às frequências alcançadas nas diferentes categorias de cada unidade considerada para o estudo.

3 – Conclusões
As conclusões não devem limitar-se à apresentação ordenada dos dados devidamente reduzidos mas antes, devem implicar maiores níveis de inferência. As conclusões devem surgir de afirmações obtidas progressivamente desde o descritivo ao explicativo e desde o concreto ao abstracto.

Vantagens e limitações da análise de documentos

Vantagens: permite evitar o recurso abusivo às sondagens e aos inquéritos por questionário; os documentos, geralmente, podem obter-se, geralmente, a baixo custo ou gratuitamente; os documentos proporcionam informações sobre ocorrências passadas que não se observaram ou assistiram.
Desvantagens: nem sempre é possível o acesso aos documentos; os documentos podem não obter informação detalhada; os documentos podem ter sido alterados, forjados ou falseados; muitas vezes os investigadores não explicitam as ferramentas conceptuais e lógicas que usaram para chegar a determinadas conclusões sobre a realidade educativa estudada. 

Crítica pessoal

O documento apresenta boa fundamentação e um português bastante razoável. O conteúdo está bem seleccionado e sistematizado. A única crítica negativa que aponto é a utilização de exemplos muito no âmbito da área em que se situam as autoras; apesar de isso ser positivo para os objectivos do seu trabalho, tornam o documento muito mais limitado e menos universal e utilizável.

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