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buscamos nitidez nos nossos projectos pastorais (fotografia: Ricardo Correia - Reservados todos os direitos e mais alguns)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MITP – sumário (aula 4) 02-11-2010

Toda a investigação redunda em texto
Análise de conteúdo – é a técnica que analisa as comunicações obtidas para delas obter as conclusões importantes para o estudo. Esta análise de conteúdo tem várias patentes. Entre elas temos:
·         Análise dos textos
·         Análise do explícito (recordando possíveis expressões que ocorreram)
·         O texto expressa também ideias do autor
·         Aspiramos, no entanto, à objectividade
·         Procura obter e perceber algum fenómeno exterior ao texto

Procedimentos:
Ø  Fechados – quando previamente é formado um quadro teórico a preencher
Ø  Aberto/exploratório – quando são os dados que vão dar origem aos conceitos do quadro teórico
Ø  Misto – quando junta os dois procedimentos anteriores

O processo:
1 – Leitura flutuante do texto
2 – Codificação do material

Três unidades a considerar:
ü  Unidade de registo – fragmento que se toma por indicativo de uma característica
ü  Unidade do contexto – fragmento do texto que engloba a unidade de registo e a situa no texto
ü  Unidade de enumeração

Categorização:
Classificar agrupando as unidades de registo. Simplifica os dados em grupo e permite uma leitura muito mais rápida, prática e concisa.

sábado, 6 de novembro de 2010

MITP - Análise de Documentos: método de recolha e análise de dados

Aa.Vv.: Sílvia dos Santos Calado e Sílvia Cristina dos Reis Ferreira (Mestrado em Educação – Didáctica das ciências) resumo:

Introdução

Existem três grandes grupos de métodos de recolha de dados: a observação; o inquérito oral (entrevista) ou escrito (questionário) e a análise de documentos. Estes três métodos podem ser utilizados em conjunto permitindo recorrer assim a várias perspectivas sobre a mesma situação, obtendo informações diferentes que podem ser comparadas e trianguladas.
Concretamente, a análise de documentos pode ser usada em duas perspectivas: pode servir para completar a informação obtida pelos outros métodos ou pode ser o método de pesquisa central ou mesmo exclusivo.
Para abordar a análise documental é necessário clarificar alguns conceitos: dado – um dado suporta uma informação sobre uma realidade; documento – é uma impressão deixada num objecto físico por um ser humano; análise – consiste na detecção de unidades de significado num texto e no estudo das relações entre elas e em relação ao todo. Neste sentido, os documentos são fontes de dados brutos; Para o investigador e a sua análise implicam um conjunto de transformações, operações e verificações realizadas a partir dos mesmos com a finalidade de lhes ser atribuído um significado relevante em relação a um problema de investigação.  

Recolha de documentos

1 – Localização dos documentos
A localização dos documentos é muito variada e geralmente é a própria natureza do estudo que orienta o investigador para as variadas e determinadas fontes. É necessário conhecer o tipo de registos e informações que existe numa determinada organização ou instituição.

2 – Natureza dos dados documentais
Existem fontes primárias cuja produção de documentos foi efectuada durante o período a ser investigado. Existem, depois, as fontes deliberadas produzidas com o intuito de servir a futuras investigações. Dentro das primárias podem ainda ser inadvertidas que são as mais comuns e valiosas e resultam do normal funcionamento do sistema em estudo e são usadas pelo investigador em sentido diferente daquilo para que foram criadas. Já as fontes secundárias são interpretações de eventos do período de estudo, baseadas nas fontes primárias.

3 – Selecção de documentos
Esta é muito influenciada por um factor de investigação muito importante, o tempo disponível. Por norma, a quantidade de material é sempre excessiva e é necessária uma estratégia de selecção onde não devem ser incluídas demasiadas fontes deliberadas; não incluir demasiados documentos que apontem o ponto de vista do investigador; tentar ao máximo cumprir os prazos planeados. Ao mesmo tempo pode ser muito prático recolher ao mesmo tempo os documentos e, simultaneamente, ir fazendo uma pré-análise, uma vez que pode ajudar muito na escolha dos documentos e selecções.

4 – Análise crítica dos documentos
A análise crítica dos documentos é fundamental no sentido de ser necessário controlar a credibilidade e o valor dos documentos e informações a recolher e dos já recolhidos, bem como a adequação destes às finalidades do projecto. Para isso deve ser feita uma avaliação da autenticidade das fontes e outra avaliação à exactidão ou valor dos dados.

Análise de conteúdo

A análise de conteúdo pode considerar-se como um conjunto de procedimentos que têm como objectivo a produção de um texto analítico no qual se apresenta o corpo textual dos documentos recolhidos de um modo transformado.

1 – Redução dos dados
Do conjunto amplo e complexo dos dados pretende chegar-se a elementos manipuláveis que permitam estabelecer relações e chegar a conclusões. Em primeiro lugar é necessário que o investigador efectue a separação em unidades relevantes e significativas e daí considerar as unidades em função do tema em investigação. As unidades devem, então, ser classificadas segundo determinada categoria de conteúdo. Estas categorias podem definir-se a priori (de acordo com as hipóteses que orientam a investigação) ou a posteriori (a partir dos próprios dados obtidos faz-se uma investigação de teor interpretativo). Depois de feita a categorização segue-se o processo de codificação, processo físico mediante o qual se realiza a categorização. Trata-se de uma operação na qual se coloca em cada unidade estabelecida um determinado código próprio da categoria em que o investigador a considera incluída.

2 – Apresentação dos dados
Os processos de redução dos dados simplificam a informação e, assim, facilitam a obtenção das conclusões. A quantificação dos dados pode fazer-se em forma de uma matriz numérica onde os valores de cada célula correspondem às frequências alcançadas nas diferentes categorias de cada unidade considerada para o estudo.

3 – Conclusões
As conclusões não devem limitar-se à apresentação ordenada dos dados devidamente reduzidos mas antes, devem implicar maiores níveis de inferência. As conclusões devem surgir de afirmações obtidas progressivamente desde o descritivo ao explicativo e desde o concreto ao abstracto.

Vantagens e limitações da análise de documentos

Vantagens: permite evitar o recurso abusivo às sondagens e aos inquéritos por questionário; os documentos, geralmente, podem obter-se, geralmente, a baixo custo ou gratuitamente; os documentos proporcionam informações sobre ocorrências passadas que não se observaram ou assistiram.
Desvantagens: nem sempre é possível o acesso aos documentos; os documentos podem não obter informação detalhada; os documentos podem ter sido alterados, forjados ou falseados; muitas vezes os investigadores não explicitam as ferramentas conceptuais e lógicas que usaram para chegar a determinadas conclusões sobre a realidade educativa estudada. 

Crítica pessoal

O documento apresenta boa fundamentação e um português bastante razoável. O conteúdo está bem seleccionado e sistematizado. A única crítica negativa que aponto é a utilização de exemplos muito no âmbito da área em que se situam as autoras; apesar de isso ser positivo para os objectivos do seu trabalho, tornam o documento muito mais limitado e menos universal e utilizável.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

MITP – reflexão sobre as metodologias de investigação

Tendo em conta o resumo das várias metodologias que foram apresentadas neste blogg (sumário metodológico) apresento uma pequena reflexão sobre as mesmas que será seguida de um exemplo concreto. Há três temas que considero fundamentais no que toca às várias metodologias.
Em primeiro lugar a questão da correlação. Trata-se de um marco importante a passagem de duas visões extremas (dedução e indução) para metodologias que têm em conta as duas visões que se complementam.
Em segundo lugar a importância devida dada à teologia. De certa forma surge também com o método da correlação. Estava ausente (a teologia) no método dedutivo, no que toca à teologia prática ou pastoral e estava ausente no método indutivo, a teologia em geral. Depois do método da correlação surgem métodos que têm em conta um grande equilíbrio na importância dada à teologia, assim como as ciências sociais.
Por último, a importância das ciências humanas neste campo é fundamental, como já foi afirmado no final da publicação sumário metodológico.
            Gostaria, no entanto, de referenciar um assunto muito importante que será elucidado com o exemplo de Frei Bartolomeu dos Mártires. A Teologia Prática Pastoral, ainda que verdadeiramente enriquecida com as variadas metodologias, não pode esquecer nunca que o fundamental da sua acção e reflexão é o contexto em que se pretende aplicar. Cada contexto é um caso que exige aplicações próprias e particularidades, que não podem nunca ser todas precisadas em inúmeros métodos que possam surgir. Frei Bartolomeu dos Mártires é um exemplo claro e elucidativo. Tendo em conta o seu contexto, numa altura em que a Teologia Prática nem existia como ciência ou cadeira fundamental, este arcebispo foi o precursor de vários elementos das várias metodologias que iriam aparecer.

MITP - Frei Bartolomeu dos Mártires - um percursor de metodologias de investigação

O que aqui se apresenta é um resumo da actuação pastoral de Frei Bartolomeu dos Mártires na sua época e tendo em conta o seu contexto. Este texto resumo tem como base bibliográfica o IV capítulo da obra "Teologia Prática Fundamental - Fazei Vós Também" de José da Silva Lima (pp. 154-177). Pode ser pretensiosa a colocação dos vários métodos de teologia pastoral que aparecem em itálico, no fim de alguns espaços do texto. Não se trata, como é óbvio, da utilização clara da metodologia, no entanto, algumas das suas características e etapas estão claramente presentes.  
Frei Bartolomeu dos Mártires surge depois do Renascimento, no caminho da Igreja de Braga, na transição da Idade Média para os séculos da modernidade. Em pleno século XVI, nos alvores de uma transformação radical do posicionamento do Homem no mundo. Tempo da Contra-Reforma, pós Lutero e Erasmus. D. Frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga entre 1558 e 1590, no seu contexto traça horizontes pastorais de envergadura numa acção eclesial concertada a partir das ideias de Trento. (discernimento e projecção).
Na sua missão, o arcebispo empreendeu um trabalho de fôlego, não deixando nenhuma igreja sem visita, inteirando-se assim do estado real da sua grei, não só pelos diálogos e pelo anúncio da doutrina, mas pelos sinais concretos de indigência, de desleixo e de míngua que diagnosticou. Mostrando solicitude pastoral, enfrentando as situações, não perdia as ocasiões próprias para exortar, repreender, castigar e também consolar e socorrer espiritualmente e materialmente o seu rebanho. (ver, julgar e agir).
D. Frei Bartolomeu dos Mártires presidiu à primeira diocese de Portugal, a maior em paróquias e a mais abastada em rendimentos, embora onerada com muitas pensões e povoada de muitos pobres e infelizes.
Se o tempo de D. Frei Bartolomeu dos Mártires era de excessivo centralismo romano, assemelhando-se o papado a um grande império e o Papa ao imperador que dispunha das coisas do tempo por influências, desenvolvendo o nepotismo, exigindo taxas e usando as bulas nem sempre com o rigor que espiritualmente seria exigido, foi também uma época marcada pela acumulação de benefícios, cujos rendimentos caíam repetidas vezes nas mesmas mãos, num sistema de favores a famílias de príncipes e num desconhecimento quase completo dos fregueses e da sua forma de vida. 
O sistema vigente alimentava um vírus pernicioso no tempo, pernicioso particularmente para a cura de almas, dado que muitas vezes os beneficiários nem conheciam benefícios nem fregueses. Grave era o que se passava no domínio do absentismo, contra o qual o arcebispo desenvolveu um a luta sem trégua.
O tempo era também o de um marcado superficialismo, atribuindo importância ao exterior e à fachada das coisas e relegando para o campo acessório as realidades mais estruturantes da fé. Nos mosteiros a situação não era de louvor, nem um número nem em qualidade. Eram todos de baixa condição, mais para cavar do que para o ofício divino, ocupados em tratar das hortas e preparar a sua comida. O panorama é também desolado no quadro do clero diocesano, não só pelo “desamparo” diagnosticado em relação “às pobres ovelhas”, dada a ausência e a ocupação noutros afazeres, mas também porque se instalaram a frieza, a negligência, os vícios, a ignorância e muitas vezes a desonestidade com o mau exemplo de vida subsequente.
A míngua espiritual e a ignorância dos pastores, denotando superficialismo e apego aos bens terrenos, reflectiam-se na situação religiosa do povo de Deus. O povo reflectia este estado de coisas: a ignorância religiosa era comum, repercutindo-se no desrespeito pelas normas de santificação do domingo e das festas de guarda; crendices, superstições, blasfémias, práticas de tipo natural, desregramentos morais no foro familiar e pessoal, atentados à vida em práticas abortivas. Um quadro geral do povo simples que remete para uma ausência de recursos humanos qualificados, para a inexistência de subsídios pastorais de interesse (como catecismos e manuais adequados), para a inércia e mesmo para a letargia de fôlego espiritual que o Concilio de Trento e o arcebispo de Braga recuperaram, protagonizando uma trajectória de renovação pastoral. (método de discernimento teológico-pastoral).
O sistema operativo que faria avançar uma acção pastoral de profunda renovação com futuro, assentava na plataforma inequívoca da formação dos agentes, já que todos necessitavam dela, era um direito dos fiéis e, por isso, também um dever de incentivo para com os clérigos, então agentes imprescindíveis do empreendimento pastoral. Impunha-se uma profunda estruturação da formação, estruturação que produzisse a médio prazo os seus efeitos e que pudesse também responder aos problemas de moralidade que se revelavam de urgência. (caminho empírico crítico)
A moral foi sempre uma preocupação do prelado, sobretudo o sentido pastoral do dever de conhecer os seus fundamentos doutrinais, voltado que estava para a instrução daqueles que se dedicavam à cura de almas. As cadeiras de casos de consciência nasceram com este objectivo. A correcção de costumes só seria possível se houvesse preparação doutrinal que fundamentasse à luz do Evangelho as práticas cristãs aconselháveis. Tratava-se de uma necessidade urgente, para que os párocos se convencessem e elucidassem os fregueses na confissão.
A preparação do clero teve a sua coroa na criação do Seminário Conciliar, que o Arcebispo considerava uma coluna fundamental da Reforma. Pretendia um seminário que preparasse clero abundante e cultural e espiritualmente apto para resolver os graves problemas pastorais da Arquidiocese, objectivos que defendeu em Trento e que viu integrados no Cânone conciliar dos Seminários para seu júbilo e sobretudo para a restauração da Igreja.
A cultura, porém, ministrada pelas escolas, com dificuldade alcançava a massa anónima das aldeias e cidades. Era preciso recorrer ao livro, que adestrasse na virtude e no saber os párocos e directores de almas. Tinha o arcebispo solicitado a tradução da Suma Caetana para ajudar os párocos na cura de almas, resolvendo particularmente os casos de consciência e esclarecendo os princípios de teologia moral, imprimindo-o em 1566. Já antes o arcebispo tinha levado à estampa o Tratado de aviso dos Confessores, impresso em 1560. Nas Considerações para pregar, escritas em Trento e inspiradas em Santo Agostinho o Pastor da Igreja de Braga insistia sobre a missão do pregador, não tanto afinada ao seu luzimento e louvor, mas sobretudo voltada ao ensino e à instrução doutrinal. Não importava apenas, segundo o Arcebispo, fazer face à importância da elucidação da consciência individual, criando um universo simbólico cristão, mas importava também fazer da Liturgia um momento solene de evangelização. A situação do clero não o permitia. Poucos eram idóneos para uma preparação conveniente. A “prática” da missa, que para tal poderia ser aproveitada, era simplesmente negligenciada. Os pastores não estavam preparados. O Catecismo ou Doutrina cristã e Práticas Espirituais, escrito e publicado na altura do Sínodo de 1564, é um instrumento para acorrer à insuficiência de muitos curas neste ministério da palavra, todo entretecido de instruções doutrinais, em forma de homilia, lidas obrigatoriamente à assembleia crista, à estação da missa, nos dias festivos, sob pena de desobediência e de multa por cada vez que os curas omitissem a leitura. Estavam assim disponíveis os subsídios pastorais indispensáveis para que ao cura de almas não faltasse o acesso à doutrina que deveria partilhar de forma permanente com o seu povo. (método dedutivo).
Num dispositivo pastoral que edificou, o perfil de “pároco ideal” comportava dez traços característicos. Não se trata de um funcionário da paróquia, mas de alguém com missão pastoral velando e guardando que Deus não seja ofendido. Pertence-lhe, também, socorrer espiritualmente e trazer à vida da graça os infelizes pecadores. Para isso obriga-se o pároco a estar no meio do seu rebanho, acudindo às necessidades. Deve ele antecipar-se a conhecer a sua grei, possuindo um “ficheiro paroquial” como auxiliar da sua missão. Terá especial atenção à família, já que ela é a alma da paróquia. O pároco é na paróquia quase o que o Bispo é para a diocese, donde dimana a sua atenção à prática das obras de misericórdia. A sua actuação terá a preferência dos mais pobres, avisando o prelado dos mais necessitados, a quem ele nem por si, nem pedindo pela freguesia, pode socorrer. Cuida da pregação da palavra, por si ou por outrem, de forma que os fregueses possam repreender os seus vícios. Seja ministro digno do sacramento da penitência. Procure uma consciência irrepreensível, andando resguardado e limpo.
A plataforma pastoral com futuro, penso-a o arcebispo também no âmbito da caridade pastoral efectiva. Tinha consciência de que o “ouro que a Igreja tem não é para guardar, mas para o distribuir e socorrer os necessitados”. Acreditava na função pastoral dos bens, em benefícios dos mais desprotegidos e desamparados, sabendo que é da acção dos profetas, como guias da humanidade, que nasce uma sociedade diferente. A mira da caridade foi sempre o lema do Frei Bartolomeu. (indução e correlação)
Este dispositivo pastoral, o da caridade, alimentou a vida do arcebispo até ao fim como é contado pelo biógrafo, até ao ponto de tudo entregar no seu testamento. Trata-se de um dispositivo indispensável para a credibilidade da palavra que ilumina o mundo. Se o arcebispo foi insigne em muitas virtudes, da humildade à tenacidade, da lucidez ao trabalho, da persistência ao desprendimento, a caridade constituiu, não resta dúvida, a maior de todas as virtudes que D. Frei Bartolomeu dos Mártires praticou. Tratava-se de uma figura exemplar, na palavra, no ensino, na escrita e na acção caritativa. Abre caminhos novos e iluminados na Igreja do seu tempo e não deixa de, na nossa memória, aparecer como humanamente invulgar e lúcido do seu tempo, astuto profeta que lê nos sinais da sua vida e de tudo o que o enreda os possíveis caminhos de esperança, sábio gestor que reparte o Amor de Deus, sendo o grande “mártir” de quem falam eloquentemente as obras.
Atrevo-me a dizer: fazei vós, também, assim como fez Frei Bartolomeu dos Mártires e a nossa Igreja irá dar um salto qualitativo muito grande.

sábado, 30 de outubro de 2010

MITP - sumário (aula 3) 26-10-2010

A investigação supõe a análise da informação que pode ser quantitativa ou qualitativa.
As duas são diferentes e têm as suas vantagens e desvantagens.

Análise Quantitativa
A análise quantitativa supõe:
Um questionário
·         Adaptado à situação
·         Que seja fácil de forma a tornar as coisas objectivas
·         E possível consoante os variados contextos
A organização dos dados recolhidos
Organigramas que possibilite a análise clara dos dados
Comparação entre os dados das variadas pessoas

Trata-se de um método que diz muito pouco sobre cada pessoa em particular, no entanto pode fornecer muitos dados objectivos em relação a determinada população.

Análise Qualitativa
As características deste método são:
1.       O positivismo (o investigador está ((pelo menos supostamente)) separado do objecto e há uma grande valorização do método.
2.       Epistemologia qualitativa (produz um conhecimento construtivo e interpretativo; há grande interacção no processo de produção do conhecimento; e é possível a singularidade, ao contrário do anterior.
3.       É feito através de instrumentos-tipo que devem ser capazes de produzir toda a informação necessária para testar as hipóteses e ainda a elaboração de textos e a recolha de dados.   

Formas de análise qualitativa

1 – Inquérito por questionário
·         Aplicar uma série de perguntas a um conjunto de inquiridos para obter as informações que interessam
·         Pode ser administrado directa ou indirectamente

2 – Entrevista
·         Caracteriza-se pela interacção entre entrevistado e entrevistador
·         O entrevistador não deve influenciar a pessoa na condução do discurso a um determinado objectivo
·         Pode ser aberta (em que o entrevistador deixa a pessoa falar livremente) ou semi-directa (onde há um conjunto de perguntas pré-formuladas para as quais se pretende resposta)

3 – Observação directa
·         Observa-se o fenómeno no momento sem nenhuma mediação
·         É muito útil para analisar os não verbais
·         Há uma grande dificuldade de o investigador ser aceite no grupo de forma a não condicionar a produção dos factos.
·         Pode ser feita com caderno, áudio, vídeo…

4 – Análise documental  
Este método consiste na análise da informação pré-existente

MITP - sumário (aula 2) 19-10-2010

Tendo em conta colegas que não estiveram presentes e, ao mesmo tempo, tratando-se de um espaço de partilha da Unidade Curricular, apresento um sumário das aulas que vamos tendo. Trata-se de um resumo muito resumido daquilo que me foi possível captar. Este sumário não foi elaborado consoante consultas ou investigação, é apenas aquilo que foi apresentado na aula.   

Investigação nas ciências sociais
Três momentos:
1 – ruptura (sem preconceitos ou falsas evidências)
2 – construção (com lógica e organização)
3 – verificação (viabilidade da proposta)

Estes três momentos são constituídos de sete etapas:
1 – pergunta de partida (clara, pertinente e viável)
2 – exploração (bibliografia existente sobre o tema e entrevistas)
3 – problemática (como abordar/definir uma das problemáticas possíveis e dar-lhe orientação teórica)
4 – construção do modelo de análise (construir hipóteses e o modelo a seguir/dimensões e indicadores)
5 – observação (confrontar hipóteses com dados/definir campo/conceber instrumento de investigação/testar esse instrumento/recolher a informação)
6 – análise de informação (quantitativa/qualitativa)
7 – conclusões (fazer uma retrospectiva/saber se foi construída uma novidade/comparar os dados obtidos com os dados que se esperavam)

É importante ter em conta que cada um dos anteriores momentos apresentados é susceptível de fracasso, no entanto, a estruturação destas etapas permite um retrocesso até à primeira etapa.

sábado, 23 de outubro de 2010

sumário metodológico

Saudações pastorícias...
Aqui vai um segundo poste sobre as várias metodologias de Teologia Pastoral. Este resumo é feito com base na obra "Teologia Prática Fundamental - Fazei Vós também" De José da Silva Lima (cap. VII). boa leitura. 

Método dedutivo
Inicialmente a Teologia Pastoral centrou-se apenas num método pré-conciliar denominado dedutivo e centrado no pastor. Resumidamente, o cura de almas aplicava pastoralmente na prática os princípios teológicos sistematicamente transmitidos pela teologia dogmática. A cadeira de Teologia Prática tinha um papel completamente secundário relegado para segundo plano.

Método indutivo
Com o Concílio Vaticano II deu-se como que uma inversão metodológica operando-se a transição do método dedutivo para o método indutivo. Com a influência das ciências sociais e humanas dá-se um novo ponto de partida metodológico que são as práticas eclesiais nos meios heterogéneos onde emergem. Trata-se de um método indutivo que vai da prática aos saberes. 

Método da correlação
Com base no método indutivo, o francês Marc Donzé apresenta o método da correlação assente em cinco etapas. Este método pretende correlacionar duas etapas de teor analítico com outras duas de teor teológico sem que nenhuma seja colocada de parte. As cinco etapas: percepção das práticas problemáticas e das questões que elas colocam; análise crítica daquelas num vínculo com as aquisições das ciências humanas; correlação (relação crítica recíproca entre os dados da análise e os dados da revelação da tradição e da história); fase de projecto onde se procura encontrar cenários para um agir pastoral renovado; verificação que permite avaliar a pertinência do projecto.

Método Ver, julgar, agir
O Método mais usual no pós-vaticano II assenta na revisão de vida (próprio do movimento da acção católica), muito patente do documento conciliar Gaudium et Spes e também muito usado nos documentos da Conferência Episcopal Portuguesa. Segundo Floristán este método abarca três aspectos: encontro, verificação e compromisso ou realidade experimentada, realidade transfigurada na fé e realidade transformada na caridade. Isto é o método da revisão de vida. A revisão de vida enraíza-se e desenvolve-se em torno de três verdades: a da experiência, a da fé e a do método. Centra-se num facto de vida, interpreta-o à luz cristã em ordem a uma acção posterior de conversão e de transformação da sociedade. O facto de vida é o ponto de partida, o evangelho é a referência iluminadora e o objectivo é a conversão efectiva e a mudança.

Método do Caminho empírico-crítico
Midali refere outras conjugações ou correlações entre as metodologias clássicas que surgiram nas últimas décadas e mais próximas das ciências sociais e humanas. Neste sentido apresenta uma senda metodológica empírico crítica assente em seis etapas. A primeira consiste na descrição da experiência vivida em diálogo com o contexto procurando a riqueza que o envolve e descrevendo-a. A segunda etapa procura a atenção crítica à prospectiva e aos interesses não absolutizando preconceitos mas aplicando vigilância nos discursos fenomenológicos conservando uma distância aceitável. O terceiro passo consistiria numa correlação de perspectivas dialogantes entre a cultura e a tradição cristã. O quarto passo é a interpretação do sentido e do valor. É um aprofundamento daquilo que para os homens de hoje é crucial. Segue-se, na quinta etapa uma hermenêutica da própria comunidade com visão crítica das interpretações vividas e com outras perspectivas possíveis. O sexto passo é o desenvolvimento de orientações e de planos para a comunidade particular, situando em terreno concreto a acção possível para regressar a uma experiência renovada e assim dar rosto novo à comunidade num lapso temporal decidido. A grande novidade desta metodologia assenta na grande articulação dos vários saberes.  

Método de teor projectivo e de discernimento
Considerando limitados os métodos precedentes Midali opera um novo itinerário integrando elementos dos anteriores e contando com algumas sugestões experimentadas no âmbito euro-americano. Denomina-se itinerário metodológico, teológico, empírico, crítico e projectual. Flotistán considera-o uma adaptação ao campo da pastoral do método de revisão de vida, elaborando também o método em três fases teológicas: a kairológica (analise avaliativa das situações concretas); a projectica/projectual (projecção da praxis desejada); e estratégica (programação da passagem a efectuar entre as situações dadas e desejadas).

Método de discernimento teológico-pastoral
Sergio Lanza assenta a dinâmica e o renovamento da comunidade cristã em duas linhas mestras, a projectualidade e o discernimento. Trata-se de uma proposta que procura uma equilibrada crítica aos métodos vigentes desenvolvendo características de uma metodologia avançada. No seguimento desta crítica propõe o método do discernimento teológico-pastoral: de discernimento, que não indica um momento do método, mas uma qualidade sua específica, que está presente nos três caracteres distintivos deste procedimento. A sequência metodológica é composta por três fases ou momentos: análise e avaliação, decisão e projecção, actuação e verificação. O caminho é kairológico, pratico-operativo e criteriológico.

Teologia Prática Pastoral e as Ciências Humanas
O percurso da Teologia Pastoral tem de passar hoje, obrigatoriamente, pelo domínio das ciências humanas e naturais, entre as quais a pedagogia; a psicologia; a sociologia; a antropologia e a história, entre outras. Alturas houve em que a relação da Teologia com estas ciências era de desconfiança passando mais tarde para uma canalização dos dados como que num aproveitamento para a teologia e agora uma relação de teor crítico e de proposta de diálogo multidireccional. Teremos oportunidade de debater este diálogo entre as ciências humanas e a teologia ao longo deste percurso na unidade curricular.  

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

pasto-rally

Olá colegas do MITP... inclusive o tal Horace CAEN qualquer coisa... só lhe falta o cabelo loiro... de resto.
Cumprimentos a todos. A primeira publicação é para explicar o meu título. É muito simples: o trabalho pastoral na nossa Igreja necessita de uma actualização bem pensada mas a velocidade de alta competição, pois está bastante atrasada. Nomeadamente no que toca ao catecúmeno e à catequese de adultos, iniciação cristã e companhia limitada. Teremos oportunidade de debater estes temas ao longo do semestre.

Um Abraço.
Bom trabalho